sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Recordações da Mediunidade gloriosa de Francisco Cândido Xavier

Na noite fria de 09.08.1996, sob um luar intenso, Chico e eu dirigimo-nos ao lar dos irmãos João e Lázaro, para participarmos do Culto da Oração que lá se realizava, em periferia distante, na cidade de Uberaba.
Sentamo-nos à pequena e rústica mesa com alguns poucos companheiros.
Chico pediu-me para proferir a oração inicial. Eu tinha acabado de memorizar a “Prece de Lívia”, porém, mesmo assim, retirei do bolso um fragmento de papel, onde li, pausadamente:

“— Senhor Jesus, abençoa-nos a fé com que esperamos por ti!… Agradecemos-te a felicidade de nosso encontro e o tesouro da amizade com que nos teces a união. Louvores te rendemos pelo auxílio de nossos companheiros e pelas lições de nossos inimigos. Ensina-nos a descobrir a tua vontade no escuro caminho de nossas provas… Dá-nos a conformação ante a dor e a certeza de que as trevas nos conduzirão à verdadeira luz! Senhor, concede-nos a humildade de teu exemplo e a ressurreição de tua cruz! Assim seja!…”

Após a prece, ouviu-se um ruído forte e rouco, como de vento impetuoso, e o médium Xavier começou a psicografar a página “Prodígios da fé”, de Albino Teixeira.

Quando o vento silenciou, vimos o médium colocar o lápis à sua frente, apoiando a cabeça com as duas mãos e mantendo os olhos cerrados.
Supúnhamos que a reunião estava para terminar, mas tal não ocorreu.
Chico retomou o lápis e psicografou o lindo soneto “Caridade”, de Auta de Souza.
Após a psicografia, Lázaro retornou a palavra a Chico, que começou a orar a Prece Dominical, para finalizar a reunião.
Nesse momento, irrompeu maravilhoso fenômeno de efeitos físicos!
As palavras saíram da boca do médium, como escritas em pontos de luz, revestidos de intenso brilho dourado, como que flutuando no ar, desaparecendo bem devagar.
Ah, Jesus! Como te agradecer, Senhor, as bênçãos recebidas através da mediunidade gloriosa de Francisco Cândido Xavier?
Os demais componentes da mesa, tão surpresos como eu, tentavam tocar as lindas palavras luminosas com as pontas dos dedos, o que fazia expandir intenso aroma, que mais tarde vim a identificar como sendo de nardo puro.
Demoramo-nos a nos recompor da emoção e, quando saímos em direção do carro, para retornarmos, pequena multidão de carentes, vizinhos dos irmãos João e Lázaro, tão necessitados quanto eles próprios, se comprimiam, aguardando a presença de Chico, como a derradeira esperança de amparo naquela noite clara e gelada!
Espontaneamente, formaram uma fila. Chico não relutou em atendê-los um a um, conversando com cada qual, quanto quisessem, entregando a todos, sem exceção, cédulas de papel-moeda de pequeno valor, o que denominou alegremente como sendo “distribuição de laranjada”, mas que na verdade, foi um dos “cultos de assistência” mais relevantes que presenciei na minha vida.
Aquelas pessoas, que para o mundo ilusório de César nada significavam, para Chico eram muito, mas muito importantes mesmo, tanto que lhes declinava o nome, com intensa amabilidade, como em um encontro de familiares muito queridos.
Foi nessa oportunidade que indaguei do ancião Joãozinho se ele sabia, desde quando o Chico, mantinha coberta a cabeça, com um gorro escuro que cobria desde a testa à nuca. Respondeu-me que no dia anterior o teria visto, sem tal acessório da indumentária. Naquela noite, ninguém sabia ainda o que ele queria ocultar – as marcas dos sinais da crucificação do Cristo, em sua própria cabeça, marcas que apareceriam e sumiriam até se fixarem em definitivo, obrigando-o ao sigilo absoluto.
Já dentro do carro, lembro-me de que Chico falou da sua grande alegria em ter recebido a comunicação de Auta de Souza, que retornou através da psicografia após muito tempo de ausência.
Perguntei-lhe da identidade de Albino Teixeira; ele respondeu-me tratar-se de pessoa que vivera na Guanabara e, na Vida Espiritual, apresentava- se como um “espírito completista”.
A respeito do fenômeno observado na prece final, pretendi obter melhores esclarecimentos, mas ele apenas respondeu-me ter sentido no encerramento da reunião a presença de sua mãe e nada mais adiantou.
Retornando a São Paulo, dei-me pressa em relatar os detalhes da viagem a José Gonçalves Pereira, o construtor da magnífica obra assistencial levantada às margens do Tietê, na altura do Belenzinho, nos idos de 1960.
Gonçalves, Joaquim Alves, José Bissolli, eram amigos de Chico desde a época em que ele realizava sessões de materialização (1952- 1953), ocasião em que D. Alvina, mãe de Gonçalves, se materializara por inteiro à frente do filho.
Essas magníficas reuniões , que apresentavam os espíritos revestidos com o “ectoplasma” transcendente e luminoso de Chico, foram suspensas por Emmanuel, para atender a prioridade do livro, já que o desgaste físico do Chico era enorme!
Porém, depois daquelas reuniões, só restou àqueles companheiros construírem a “Casa Transitória de Fabiano”, encabeçados pela liderança de Gonçalves dentro do princípio evangélico “que muito se pedirá a quem muito recebeu”.
Relatou-nos Julinha (Julia Tecla Kolheisen), a mensageira da caridade junto aos hansenianos abrigados em Pirapitingui, que Emmanuel, quando encerrou aqueles trabalhos de materialização, dissera aos presentes que lhes estavam sendo adiantados “50 anos de aprendizado prático espírita”.
Gonçalves e os demais companheiros compreenderam perfeitamente o recado e procuraram dar conta do crédito espiritual recebido.
Autor:  Josyan Courté
(Itatiba, SP)
Jornal da Mediunidade – Informativo (meses de Outubro, Novembro e Dezembro), nº 29 – Uberaba – Minas Gerais / 2011.

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