sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

O Trabalho – uma bênção de Deus


Quando Kardec pergunta aos Espíritos o que é trabalho, a resposta do Plano Espiritual é contundente: Trabalho é toda ocupação útil (“O Livro dos Espíritos”, q. 675). Para entendermos esta resposta, temos que admitir o trabalho como sendo uma lei divina.
Jesus, quando encarnado entre nós, disse-nos: “Meu Pai trabalha incessantemente, e eu trabalho também.” – João, capítulo 5, v. 17. Nesta expressão, o Mestre, de certo modo, consagra o trabalho como uma lei.
É com base neste conceito de utilidade que vislumbramos o trabalho como algo necessário à vida; a vida no seu sentido mais amplo, uma vez que não podemos deixar de considerá-la em outros mundos.
Há quem ache o trabalho um castigo de Deus, diante do incidente envolvendo as figuras mitológicas de Adão e Eva, no jardim do Éden. “Do suor do teu rosto comerás o teu pão…” (Genesis, cap. 3:19). Para nós, espíritas, o trabalho, longe de ser um castigo, é antes de tudo uma oportunidade de progresso. Sem o trabalho, nós estaríamos condenados eternamente à estagnação. Não evoluiríamos.
Graças ao trabalho, o homem tem modificado o mundo. As cidades, com seus grandes edifícios, são resultados do trabalho. A face do Planeta muda a todo instante, devido à ação persistente do homem, na busca de melhores condições de vida. É esta a parte visível da transformação que não cessa e, ao que tudo indica, parece não ter fim.
Porém precisamos entender que o trabalho é também uma terapia. Envolvendo-nos com as tarefas do dia a dia, aquelas consideradas úteis, conseguimos nos libertar dos pensamentos sombrios e dos desequilíbrios emocionais tão comuns nos dias atuais.
Os Espíritos Superiores são peremptórios, ao nos assegurarem que, diante dos obstáculos que deparamos no cotidiano, uma receita infalível é trabalhar. Antonio Gonçalves da Silva “Batuíra” (1839-1909), no livro Mais Luz!, psicografia de F. C. Xavier, esclarece-nos que uma das soluções dos problemas humanos é: “trabalho, trabalho e mais trabalho”.
Transportando estas reflexões para o campo da mediunidade, o médium consciente de suas responsabilidades, não pode deixar de lado o serviço que lhe compete realizar. São muitas as pessoas que dependem de sua ajuda, para obterem alento e continuarem a viver. O mesmo raciocínio diz respeito aos desencarnados. São inúmeros os espíritos sofredores que buscam no médium o recurso necessário para se libertarem das paixões, a que se entregaram, antes do retorno ao mundo invisível.
Mediunidade é uma faculdade ou um dom que não pode ser menosprezado. Ela precisa estar o tempo todo em ação. Não exercê-la, justificando empecilhos ou que já trabalhou muito não é uma boa decisão. Para nós, espíritas, o trabalho é contínuo; é um perene recomeçar.
Há quem espere encontrar no Outro Lado da Vida, o descanso, o repouso ou a eterna contemplação. Entende que o que realizou aqui, na Terra, é suficiente. Ledo engano! Tomemos como exemplo os grandes luminares da Vida Superior e veremos que sua virtude primeira foi o compromisso com o trabalho. O grande prazer deles foi servir o próximo, reerguer almas, inoculando nelas a fé e a esperança no futuro.
Nós, que ainda nos encontramos em estágio muito distante desses Paladinos do Bem, temos que aprender a evoluir, através do trabalho, ou seja, da ocupação útil. As casas espíritas oferecem várias alternativas para nos empregarmos, preenchendo os espaços vazios, que por má vontade deixamos surgir. Devemos refletir sobre uma expressão muito conhecida no meio popular que diz: “Mente vazia, oficina do diabo”, simbolizando os riscos que representam ficar parado, sem fazer nada em benefício do próximo.
A vida sempre nos proporciona oportunidades de ler um bom livro, ouvir uma palestra instrutiva ou participar de algum curso que abra a nossa mente para outras percepções.
Empregar algumas horas da semana para minorar o sofrimento do nosso próximo é um importante investimento espiritual. Fazer isto com prazer é melhor ainda. Não devemos nos esquecer de que somos seres interdependentes; precisamos uns dos outros; aquele que estiver em melhores condições ajuda o que estiver numa situação desfavorável.
Segundo Emmanuel, no livro Instrumentos do Tempo, psicografia de Chico Xavier, o minuto é dádiva divina que se repete infinitamente em nossa estrada. Usando-o, é possível a realização de surpreendentes milagres em nossa vida. Pede-nos tão-somente trabalho, boa vontade e diligência no Bem para trazer-nos sublimes edificações…
Diz ainda o referido Benfeitor que o espírito mais elevado é oportunidade valiosa ao nosso curso de aprimoramento e sublimação. Entretanto, reconhecendo-se que a passagem do sábio ou do santo é sempre rara ao nosso lado, aproveitemos o trabalho e a convivência do caminho vulgar, para as tarefas da educação recíproca.
E continua o sublime Instrutor: “O doente é nossa oportunidade de valorizar a saúde. O sofredor é um apelo ao progresso de nossas qualidades incipientes. A aflição é porta aberta à nossa capacidade de auxílio. A ignorância é meio favorável à extensão da luz que já nos cerca”.
Aproveitemos, portanto, o ensejo que o trabalho sempre nos oferece, como uma porta que se abre todos os dias, para que nós possamos servir mais e mais.
Autor:  Geraldo Ribeiro da Silva
(Grupo Espírita “Batuíra– SP)
Jornal da Mediunidade – Informativo (meses de Novembro e Dezembro), nº 20 – Uberaba – Minas Gerais / 2009.

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