A verdade
não é aquilo que nos convém, nem o que nos interessa, nem o que nos é
afim, nem mesmo aquilo que podemos aceitar com simpatia.
A verdade é
o que é: é a realidade viva e crua, consoante a revelação, que os
fatos atestam tantas vezes se apele para seu testemunho.
A verdade
é, muitas vezes, aquilo que não queremos que seja; aquilo que nos
desagrada; aquilo com que antipatizamos; aquilo que nos prejudica o interesse, nos abate e nos humilha; aquilo que nos parece extravagante, e até mesmo aquilo que não cabe em nós.
A verdade não se acomoda ao homem, nem às coisas desta vida. O homem é que se há de acomodar a ela, se a quiser conhecer e possuir.
A verdade é sempre senhora e soberana; jamais se curva; jamais se torce; jamais se amolda.
Quem
desconhece a verdade é indigno da mesma verdade, porque só a desconhecem
aqueles que a rejeitam. E homens há que tão repetidamente a têm
repudiado que acabam por não saber mais o que ela seja, como sucedeu a
Pilatos.
A
sociedade é composta de Pilatos em sua maioria, originando-se daí as
intermináveis controvérsias e querelas em torno das questões claras e
simples.
Os homens
perderam a noção da verdade; tantas vezes a sacrificaram em prol de seus
mesquinhos interesses. Não obstante, o mundo precisa da verdade, e sem
ela não pode passar.
Os homens
empregam mil engenhos, e mil artifícios para sustentar o regime da
mentira, cujos proventos imaginam fruir; mas as coisas se vão
complicando de tal maneira, que num dado momento não haverá mais engenho
nem artifício capaz de suster a falsa situação em que se colocam; tal é
a origem das grandes comoções sociais.
A verdade,
às vezes, custa tudo o que possuímos. Tal é a interpretação das
palavras do grande Mestre da Verdade: “Quem não abre mão de tudo quanto
tem, não pode ser meu discípulo.”
Livro: Nas Pegadas do Mestre
Autor: Vinicius (pseudônimo) – Pedro de Camargo
8ª Edição em 1992 – Editora Federação Espírita Brasileira (FEB) –
Páginas: 55 até 56 – Brasília-DF – 1933
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