Quem pretende conquistar o mundo, mostra com isso não se ter conquistado a si mesmo.
Quando
Jesus disse – “Eu venci o mundo” – exprimiu este pensamento: O mundo
não me fascina, não exerce sobre mim nenhuma influência, estou acima de
suas tentações.
O ideal de domínio do mundo é a antítese do ideal cristão. O reino do Cristo não é deste mundo.
O
imperialismo alemão, último vestígio dos imperialismos pagãos de
outrora, ruiu com grande fragor, arrastando outros tantos povos que,
igualmente, pretendiam possuir o mundo.
O sonho de
poderio e de mando tem desvirtuado os sublimes ideais cristãos, toda a
vez que o homem pretende empregá-los na expansão de suas desmedidas
ambições.
Dizem os
credos religiosos imbuídos de imperialismo: Ganhemos o mundo para
Cristo. No entretanto, o Cristo não quer o mundo: quer a regeneração
do pecador, quer os nossos corações escoimados de egoísmo, de orgulho e
de cobiça. “As aves têm seus ninhos, as raposas têm seus covis, mas o
Filho de Deus não tem onde reclinar a cabeça.” Os que pretendem, pois,
ganhar o mundo, querem-no para si, e não para o Cristo.
A Igreja
tem sido o foco do imperialismo mundial. Ela tem fome e sede de
domínio. Semelhante veneno tem empeçonhado povos e nações, que a ela se
encostam visando ao mesmo objeto.
O delírio
da posse e do domínio incompatibiliza o homem com Deus e com a sua
justiça. Todos os meios lhe parecem lícitos para atingir o alvo.
Jesus faz da renúncia o essencial para a admissão em seu apostolado.
Quem alimenta aspirações mundanas de qualquer natureza não pode ser seu discípulo.
O cristão aspira ao bem geral independentemente de estreitas simpatias.
O seu
objetivo é servir, e não governar os homens. O império a que ele visa, é
o império de si mesmo, submetendo-se à lei viva de Deus consoante os
ditames de sua consciência. O domínio a que ele, igualmente, aspira é o
domínio do seu espírito sobre sua matéria, de sua inteligência e
vontade sobre os desejos e arrastamentos de sua natureza inferior. Não
quer, em suma, conquistar senão a si próprio.
Livro: Nas Pegadas do Mestre
Autor: Vinicius (pseudônimo) – Pedro de Camargo
8ª Edição em 1992 – Editora Federação Espírita Brasileira (FEB) –
Páginas: 61 até 62 – Brasília-DF – 1933
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