Podemos tratar este tema sob dois
aspectos: científico e filosófico.
O aspecto científico vai requerer
um maior aprofundamento, e um maior conhecimento das ciências biológicas e da
física, o que não é o objetivo deste curso. Portanto, trataremos aqui somente do aspecto
filosófico.
Tomaremos como roteiro o capítulo
13 do livro Missionários da Luz de André Luiz. Não é que todos os processos
reencarnatórios sejam desta forma, mas acreditamos que este capítulo fala de
uma forma geral e bastante completa da programação e da assistência espiritual
realizada, quando este processo está em vias de execução.
Para iniciar, André Luiz
esclarece que irá visitar em companhia do instrutor Alexandre, o lar de Adelino
e Raquel, onde se verificaria a reencarnação de Segismundo.
Numa encarnação anterior, Adelino
tinha sido vítima de Segismundo. Este o tinha assassinado, e no momento
presente havia sido programado para ambos uma reencarnação de reajuste em bases
de perdão.
Notamos no princípio um momento
de angústia por parte do reencarnante que normalmente antecede o processo
reencarnatório. Para melhores esclarecimentos, recomendamos a leitura do
capítulo 47 do livro “Nosso Lar”, A volta de Laura, do mesmo autor espiritual.
Mas o instrutor Alexandre o
tranqüiliza: Tenha coragem. O ensejo próximo é divino para o seu futuro
espiritual. Organizaremos as coisas; não tenha receio.
A condição espiritual de Adelino,
o pai, não era das melhores. Apesar das promessas no plano espiritual, este não
tinha trabalhado o perdão em sua intimidade, e toda vez que Segismundo
aproximava-se espiritualmente, a aflição era o sentimento que o dominava.
É digno de destaque, a
assistência espiritual recebida pelo casal, quando este sintoniza com as
determinações do Alto, dando assim condição para que se execute o programa
traçado na espiritualidade. Além de Alexandre e André Luiz, existiam vários
outros Espíritos a amparar toda a família neste momento.
Havia ali naquele ambiente, não
obstante à proteção espiritual, uma grande dificuldade de execução do programa,
devido aos conflitos vibratórios causados pela incompreensão das criaturas
envolvidas no processo.
Dessa forma, os Espíritos que
realizavam a proteção do lar de nossos irmãos programaram um momento de contato
entre eles durante o sono físico, a fim de que algumas arestas pudessem ser
aparadas.
Não foi fácil; a princípio houve
uma grande aversão entre pai e filho. É que a aproximação de Segismundo despertava
em Adelino reencarnado as reminiscências do passado sombrio, nos esclarece o
autor, e continua: Ele, a vítima de outro tempo, não conseguia localizar os
fatos vividos, mas experimentava, no plano emotivo, as recordações imprecisas
dos acontecimentos, cheias de ansiedades dolorosas. Mas como prova de que o
amor é mais forte em todos os cantos do universo, a interseção de Alexandre
trabalhando o perdão entre ambos, promoveu uma paz momentânea entre os dois.
Poderíamos perguntar, por que a
necessidade do pai de aceitar o filho. Não poderia a espiritualidade impor a
reencarnação sem maiores embaraços?
Informa Alexandre que o
pensamento envenenado de Adelino destruía a substância de hereditariedade,
intoxicando a cromatina dentro da própria bolsa seminal. Ele poderia atender
aos apelos da Natureza, entregando-se à união sexual, mas não atingiria os
objetivos sagrados da Criação, porque pelas disposições lamentáveis de sua vida
íntima, estava aniquilando as células criadoras, ao nascerem, e, quando não as
aniquilasse por completo, intoxicava os genes do caráter, dificultando-nos a
ação. (…)
Segismundo iria receber nesta
encarnação, um organismo que o proporcionaria uma moléstia do coração na idade
madura, como conseqüência da falta cometida no passado. Mas isso não seria
definitivo, noticia Herculano, um outro instrutor presente, porque a justiça
divina nunca se manifesta sem a misericórdia, a que sempre se referiu Jesus em
seu apostolado.
Passados os primeiros momentos,
em que o equilíbrio entre os elementos envolvidos no processo era o mais
importante, os mentores do Plano Maior passaram a trabalhar diretamente no
processo de ligação do Espírito às suas necessidades reencarnatórias.
Mas antes de tratarmos com
maiores detalhes sobre a ligação do Espírito com o corpo, lembremos da
afirmativa de Alexandre de que nem todas as criaturas passam por esse instante,
de uma forma consciente:
(…) A maioria dos que retornam à
existência corporal na esfera do globo é magnetizada pelos benfeitores
espirituais, que lhe organizam novas tarefas redentoras, e quantos recebem
semelhante auxílio são conduzidos ao templo maternal de carne como crianças
adormecidas. (…). São inúmeros os que regressam à Crosta nessas condições,
reconduzidos por autoridades superiores de nossa esfera de ação, em vista das
necessidades de certas almas encarnadas, de certos lares e determinados
agrupamentos.
Era chegado o momento da primeira
ligação de Segismundo à matéria, portanto a assistência Espiritual se fazia
altamente necessária. Como atuaria Alexandre neste processo, agiria no momento
da união sexual? É ele quem, sempre paciente, esclarece:
Não é necessária a nossa presença
ao ato de união celular. Semelhantes momentos do tálamo conjugal são sublimes e
invioláveis nos lares em bases retas. Você sabe que a fecundação do óvulo
materno somente se verifica algumas horas depois da união genesíaca. O elemento
masculino deve fazer extensa viagem, antes de atingir o seu objetivo. Temos
tempo (…)
Era chegado o momento a que
denominamos restringimento do corpo espiritual.
Os Espíritos Construtores
começaram o trabalho de magnetização do corpo perispirítico, no que eram
amplamente secundados pelo esforço do abnegado orientador, que se mantinha
dedicado e firme em todos os campos de serviço.
Sem que me possa fazer
compreendido, de pronto, pelo leitor comum, devo dizer que “alguma coisa da
forma de Segismundo estava sendo eliminada”. Quase que imperceptivelmente, à
medida que se intensificavam as operações magnéticas, tornava-se ele mais
pálido. Seu olhar parecia penetrar outros domínios. Tornava-se vago, menos
lúcido.
A certa altura, Alexandre
falou-lhe com autoridade:
Segismundo, ajude-nos! Mantenha
clareza de propósitos e pensamento firme!
Tive a impressão que o
reencarnante se esforçava por obedecer.
Agora, continuou o instrutor,
sintonize conosco relativamente à forma pré-infantil. Mentalize sua volta ao
refúgio maternal da carne terrestre! Lembre-se da organização fetal, faça-se
pequenino! Imagine sua necessidade de tornar a ser criança para aprender a ser
homem!
Compreendi que o interessado
precisava oferecer o maior coeficiente de cooperação individual para o êxito
amplo. Surpreendido, reconheci que, ao influxo magnético de Alexandre e dos
Construtores Espirituais, a forma perispiritual de Segismundo tornava-se
reduzida.
A operação não foi curta, nem
simples. Identificava o esforço geral para que se efetuasse a redução
necessária.
Segismundo parecia cada vez menos
consciente. Não nos fixava com a mesma lucidez e suas respostas às nossas perguntas
afetuosas não se revelavam completas.
Por fim, com grande assombro meu,
verifiquei que a forma de nosso amigo assemelhava-se à de uma criança.
Quando é dito que o corpo
espiritual de Segismundo foi reduzido para o tamanho de uma criança, precisamos
analisar esta palavra num sentido mais amplo.
A que tamanho terá sido
restringido o perispírito de Segismundo? O instrutor pediu ao reencarnante:
Lembre-se da organização fetal, faça-se pequenino. Particularmente, entendemos
que aqui o corpo espiritual fica exatamente do tamanho da célula-ovo.
Em seguida, os Espíritos
construtores analisam os mapas cromossômicos e que está tudo bem, à exceção do
tubo arterial na parte a dilatar-se para o mecanismo do coração. Mas nos
informam ainda que se o reencarnante souber valorizar as oportunidades do
futuro, possivelmente conquistará o equilíbrio do aparelho circulatório. É a
aplicação da máxima evangélica: O amor cobre a multidão de pecados.
Através desta obra, ficamos
sabendo também que o trabalho torna-se mais atuante por parte da
espiritualidade, até os sete anos de idade do Espírito reencarnante, época em
que o processo reencarnacionista estará consolidado.
Chegado o momento, era necessário
realizar o ato de ligação inicial, em sentido direto, de Segismundo com a
matéria orgânica.
Logo após penetrávamos o aposento
conjugal, onde o espetáculo íntimo era divinamente belo (…)
Os amigos invisíveis do lar,
companheiros de nosso plano, haviam enchido a câmara de flores de luz (…)
Mais de cem amigos se reuniam
ali, prestando-lhe afetuosa homenagem (…)
O quadro era lindo e comovedor
(…)
Valendo-me daquele instante (…),
perguntei:
Nosso irmão reencarnante
apresentar-se-á, mais tarde, entre os homens, tal qual vivia entre nós? Já que
suas instruções se baseiam na forma perispiritual preexistente, terá ele a
mesma altura, bem como as mesmas expressões que o caracterizavam em nossa
esfera?
Alexandre respondeu sem titubear:
Raciocine devagar, André! Falamos
da forma preexistente, nela significando o modelo de configuração típica ou,
mais propriamente, o uniforme humano. Os contornos e minúcias anatômicas vão se
desenvolver de acordo com os princípios de equilíbrio e com a lei da
hereditariedade (…) Adicione porém, a esse fator primordial, a influência dos
moldes mentais de Raquel, a atuação do próprio interessado, o concurso dos
Espíritos Construtores (…), e poderá fazer uma idéia do que vem a ser o templo
físico que ele possuirá, por algum tempo, como dádiva da Superior Autoridade de
Deus (…)
Segismundo terá então, insisti,
uma forma física eventual, imprecisa, por enquanto, ao nosso conhecimento?
O instrutor esclareceu sem
demora:
Se estivéssemos diretamente
ligados ao caso dele, estaríamos de posse de todas informações referentes ao
porvir, nesse particular, mas a nossa colaboração neste acontecimento é
transitória e sem maior significação no tempo. Os orientadores de Segismundo,
porém, nas esferas mais altas, guardam o programa traçado para o bem do
reencarnante. Note que me refiro ao bem e não ao destino.
Devido a importância deste
esclarecimento, continuamos com Alexandre:
Os contornos anatômicos da forma
física, disformes ou perfeitos, longilíneos ou brevilíneos, belos ou feios,
fazem parte dos estatutos educativos (…) Pormenores anatômicos imperfeitos,
circunstâncias adversas, ambientes hostis, constituem, na maioria das vezes, os
melhores lugares de aprendizado e redenção para aqueles que renascem (…). Em
vista disso, o mapa alusivo a Segismundo está devidamente traçado, levando-se em
conta a cooperação fisiológica dos pais, a paisagem doméstica e o concurso
fraterno que lhe será prestado por inúmeros amigos daqui. (…)
Finda esta conversa instrutiva,
Alexandre atendendo o pedido dos Espíritos Construtores, realiza uma prece,
para depois entregarem o reencarnante aos braços maternais.
É quando André Luiz nos informa:
Segismundo ligara-se a ela como a
flor une à haste. Então compreendi que, desde aquele momento, era alma de sua
alma aquele que seria carne de sua carne.
E dando continuidade, Alexandre
disse:
Agora, auxiliemos nosso amigo no
primeiro contato com a matéria mais densa. (…)
(…) Auxiliado pelo concurso
magnético do mentor querençoso, passei a observar as minúcias do fenômeno da
fecundação.
Através dos condutos naturais,
corriam os elementos sexuais masculinos, em busca do óvulo (…). Surpreendido,
reconheci que o número deles se contava por milhões e que seguiam, em massa,
para frente, em impulso instintivo, na sagrada competição.
(…) Segundo depreendi, ele
(Alexandre) podia ver as disposições cromossômicas de todos os princípios
masculinos em movimento, depois de haver observado, atentamente, o futuro óvulo
materno, presidindo ao trabalho prévio de determinação do sexo do corpo a
organizar-se.
Após acompanhar, profundamente
absorto no serviço, a marcha dos minúsculos competidores que constituíam a
substância fecundante, identificou o mais apto, fixando nele o seu potencial
magnético, dando-me a idéia de que o ajudava a desembaraçar-se dos companheiros
para que fosse o primeiro a penetrar a pequenina bolsa maternal. O elemento
focalizado por ele ganhou nova energia sobre os demais e avançou rapidamente na
direção do alvo. (…) Sempre sob o influxo luminoso magnético de Alexandre, o
elemento vitorioso
prosseguiu a marcha, depois de
atravessar a periferia do óvulo, gastando pouco mais de quatro minutos para
alcançar o seu núcleo. Ambas as forças, masculina e feminina, formavam agora
uma só, convertendo-se ao meu olhar em tenuíssimo foco de luz (…).
Depois de prolongada aplicação
magnética, que era secundada pelo esforço dos Espíritos Construtores, Alexandre
aproximou-se de mim e falou:
Está terminada a operação inicial
de ligação. Que Deus nos proteja.
Após esta operação, André Luiz
diz que estava boquiaberto com o que vira, e podemos dizer: nós também!
Através destas breves narrativas,
quisemos simplesmente mostrar algo a respeito do mecanismo da reencarnação (que
não termina aqui), e que durante todo o processo reencarnatório há uma linda
programação a ser executada.
É claro que nem todos os casos
são tratados desta forma, mas como sabemos que Deus é Justiça, podemos
seguramente dizer que Ele, através de seus Prepostos, de uma forma ou de outra,
preside todos os movimentos palingenésicos.
Livro: Apostila do Curso de Espiritismo e
Evangelho
Centro
Espírita Amor e Caridade - Goiânia – GO - 1997
Livros Pesquisados:
“Missionários da
Luz”, pág. 182, 194, 197, 206, 207, 214,
215, 226, 227, 230 à
233
Nenhum comentário:
Postar um comentário