
“…tendes necessidade de ser fortaleza e união, a fim de que possais enfrentar as tempestades que se aproximam.”
A palavra
tempestade, do latim ‘tempestate’, significa tormenta ou agitação. Em
sua acepção física, tempestades são fenômenos atmosféricos naturais
marcados por ventos fortes, trovoadas, relâmpagos, raios e chuva.
“A Doutrina
Espírita nos ensina que somos espíritos e como tal compreendemos que
fomos criados simples e ignorantes, quer dizer, sem ciência e sem
conhecimento do bem e do mal, mas perfectíveis e com uma igualdade de
aptidão para tudo adquirir e tudo conhecer com o tempo.” [2]
Porém o
tempo, ah, o tempo! Esse soberano amigo existe para marcar os limites
entre o ontem e o hoje, dando-nos a expectativa do amanhã, seja na
matéria ou fora dela.
O espírito
após mergulhar na experiência física utiliza o tempo e a liberdade ou
livre arbítrio para realizar suas conquistas positivas ou negativas.
Assim como
as tempestades formam-se da separação entre as nuvens positivas e
negativas, nossas nuvens sentimentais seguem a mesma lei natural, ao
ponto de um dia, as manifestações dos fenômenos eclodirem em nossa vida.
Em nossa
permanência na matéria vivenciamos momentos angustiosos e sentimos as
tempestades formarem-se em torno de nossos projetos existenciais,
deixando-nos amedrontados.
Nuvens de pessimismo.
Raios de incompreensão.
Trovoadas de calúnias.
Descargas elétricas de sofrimento.
Enxurradas de vaidade.
Enchentes de tragédias.
O espírito
encarnado pressente os gêneros de suas provas nos períodos que antecedem
suas experiências amargas. Qual encarnado, num mundo de provas e
expiações como a Terra, estará isento da dor ocasionada pela morte? Da
presença de uma doença incurável? Da ausência dos seres amados? Dos
flagelos naturais, muitas vezes, provocados pelo homem em profundo
desequilíbrio?
As
tempestades, assim como nossas emoções, agitam e atormentam-nos. As
tempestades emotivas, talvez, constituam mecanismos divinos para sanear
ou depurar nossa atmosfera de ilusão.
Perante os
períodos de turbulência faz-se necessário agarrarmo-nos aos pára-raios
da fé e vivenciarmos nossas experiências, conscientes da Imortalidade,
da proteção Divina e de que toda e qualquer dor ou separação daqueles
que amamos será passageira. Apenas o Amor de Deus por suas criaturas é
eterno.
As
tempestades que aludia Erasto, Espírito que fora discípulo de Paulo de
Tarso, ao endereçar sua missiva aos espíritas lioneses, no banquete de
19 de setembro de 1861, referiam à propagação do Espiritismo e aos
ataques que receberiam dos adversários. Atualmente, porém, nossas
maiores tormentas dão-se, justamente, pela carência da sincera vivência
do Espiritismo, em face de nossa invigilância, falta de estudo e
descompromisso com a vida espiritual.
É importante
sermos fortes e unirmos esforços para fazer frente às tempestades que
se aproximam, haja vista, todas as tragédias que, diariamente, vemos
surgir no seio da sociedade, nos planos político, econômico, cultural,
religioso e, sobretudo, nas relações afetivas.
Raios de chacinas.
Vendavais de fundamentalismo, feminicidios.
Trovoadas de corrupções, assaltos, roubos e extorsões.
Dilúvios de ódios injusticáveis.
Roguemos ao Senhor da vida que acalme a tempestade dos nossos sentimentos na frágil embarcação de nossa fé.
Se ante o
temor dos dias difíceis ficarmos vulneráveis, procuremos ver, sentir e
confiar no Cristo que foi, é e sempre será o comandante desta embarcação
terrestre.
Acalmemo-nos, a tempestade passará!
Autora: Jane Maiolo
Publicado no dia: 24 de janeiro de 2017
Referências Bibliográficas:
(1) Kardec , Allan. Revista Espírita, “Banquete Oferecido ao Sr. Allan Kardec”, Ano IV , 1861, editora Edicel, 2002;
(2) Kardec, Allan. Obras Póstumas, III Criação, item 15, Araras – SP: Editora IDE, 2008.
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