
Visto
que Jesus ensinou as verdadeiras leis de Deus, qual é a utilidade do
ensinamento dado pelos Espíritos? Terão a nos ensinar alguma coisa a
mais?
– A
palavra de Jesus era frequentemente alegórica e em parábolas, porque
falava segundo os tempos e os lugares. É necessário agora que a verdade
seja inteligível para todo o mundo. É preciso bem explicar e desenvolver
essas leis, visto que há tão pouca gente que as compreende e ainda
menos que as pratica. Nossa missão é impressionar os olhos e os ouvidos
para confundir os orgulhosos e desmascarar os hipócritas: aqueles que
tomam as aparências da virtude e da religião para ocultarem suas
torpezas. O ensinamento dos Espíritos deve ser claro e inequívoco, a fim
de que ninguém possa pretextar ignorância e cada um possa julgá-lo e
apreciá-lo com sua razão. Estamos encarregados de preparar o reino do
bem anunciado por Jesus; por isso, não é preciso que cada um interprete a
lei de Deus ao capricho de suas paixões, nem falseie o sentido de uma
lei toda de amor e de caridade. (O Livro dos Espíritos – Questão 627)
Reconhecendo,
embora, a alusão de Jesus aos povos de seu tempo, quando traçou a
parábola do festim das bodas, recordemos o caráter funcional do
Evangelho e busquemos a versão prática da lição para os nossos dias.
Compreendendo-se
que todos os recursos da vida são pertences de Deus, anotaremos o
divino convite à lavoura do bem, em cada lance de nossa marcha.
Os apelos do
Céu, em forma de concessões, para que os homens se ergam à Lei do Amor,
voam na Terra em todas as latitudes. Todavia, raros registram-lhes a
presença.
Há quem
receba o dote da cultura, bandeando-se para as fileiras da vaidade; quem
recolhe a mordomia do ouro, descendo para os antros da usura; quem
senhoreia o tesouro da fé, preferindo ajustar-se ao comodismo da dúvida
malfazeja; quem exibe o talento da autoridade, isolando-se na
fortificação da injustiça; quem dispõe da riqueza das horas, mantendo-se
no desvão da ociosidade, e quem frui o dom de ajudar, imobilizando-se
no palanque da crítica.
Quase todos os detentores dos privilégios sublimes lhes conspurcam a pureza.
Contudo,
quando mais se acreditam indenes de responsabilidade e trabalho, eis que
surge o sofrimento por mensageiro mais justo, convocando bons e menos
bons, felizes e infelizes, credores e devedores, vítimas e verdugos ao
serviço da perfeição, e, sacudidos nos refolhos do próprio ser, os
pobres retardatários anseiam libertar-se do egoísmo e da sombra,
consagrando-se, enfim, à obra do bem de todos, em cuja exaltação é
possível reter a celeste alegria.
Entretanto, ainda aí, repontam, desditosos, espíritos rebeldes, agressivos e ingratos.
Para eles,
porém, a vida nessa fase, reserva tão somente a cessação do ensejo de
avanço e reajuste, porquanto, jugulados pela própria loucura, são
forçados na treva a esperar que o futuro lhes oferte ao caminho o tempo
expiatório em cárcere de dor.
***
Desse modo,
se a luta vos concita a servir para o Reino de Deus, com a aflição
presidindo os vossos novos passos, tende na paciência a companheira
firme, a fim de que a humildade, por excelsa coroa, vos guarde o coração
na beleza e na alvura da caridade em Cristo, que vos fará vestir a
túnica da paz no banquete da luz.
Autor: Chico Xavier (médium) Emmanuel (espírito)
Livro: Religião dos Espíritos
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