
No trato com
os nossos irmãos desequilibrados, é preciso afinar a nossa boa vontade à
condição em que se encontram, para falar-lhes com o proveito devido.
Quantos no
mundo se julgam triunfantes na viciação ou no crime, quando não passam
de viajores em declive para a queda espetacular! E quantos companheiros,
aparentemente vencidos, são candidatos à verdadeira vitória!…
Mesmo entre
vocês, não é difícil observar mendigos esfarrapados que, por dentro, se
acreditam fidalgos, e pessoas bem-nascidas, conservando a humildade real
no coração, entre o amor ao próximo e a submissão a Deus!…
Aqui, na esfera em que a experiência terrestre continua a si mesma, os problemas dessa ordem apenas se alongam.
Temos
milhares de irmãos escravizados à recordação do que foram no passado,
mas, ignorando a transição da morte, vivem por muito tempo estagnados em
tremenda ilusão!…
Sentem-se donos de recursos que perderam
de há muito e tiranos de afeições que já se distanciaram
irremediavelmente do trecho de caminho em que paralisaram a própria
visão. Nos campos e cidades terrestres, a cada passo topamos antigos
dominadores do solo, os quais a morte não conseguiu afastar de suas
fazendas; magnatas de indústria que o túmulo não separou dos negócios
materiais, e homens e mulheres em massa que, sem a veste do corpo,
continuam agrilhoados aos prazeres e aos hábitos em que fisgaram a
própria alma…
Convidados à
revisão do estado consciencial em que se alojam, irritam-se e
defendem-se, como ouriços contentes no espinheiro em que moram, quando
não se ocultam, matreiros, no egoísmo em que se deleitam, ao modo de
velhas tartarugas a se esconderem na carapaça, ao primeiro toque
estranho às sensações com que se acomodam.
Se insistimos no socorro espiritual de que necessitam, vomitam impropérios e cospem blasfêmias…
Mas, com isso, não deixam de ser doentes e loucos, agindo contra si mesmos e solicitando-nos amparo.
Sentem-se vivos, tão vivos, como na época em que se embebedaram de mentira, fascinação e poder.
O tempo e a
vida correm para diante, por fora deles, por dentro, imobilizaram a
própria alma na fixação mental de imagens e interesses, que não mais
existem senão no mundo estreito desses infelizes irmãos.
Querem
apreço, consideração, apoio, carinho… Não pedimos a vocês estimular-lhes
a fantasia, contudo, lembramos a necessidade de nossa tolerância, para
que lhes possamos contornar, com êxito, as complicações e labirintos,
doando-lhes, ao mesmo tempo, ideias novas com que empreendam a própria
recuperação.
Figuremo-los
como prisioneiros, cuja miséria não nos deve sugerir escárnio ou
indiferença, mas sim auxílio deliberado e constante para que se ajudem.
Cultivemos,
assim, a conversação com os desencarnados sofredores, sem curiosidade
maligna, ouvindo-os com serenidade e paciência.
Não nos esqueçamos de que somente a simpatia fraternal pode garantir a obra divina do amor.
Pelo Espírito José Xavier – Do livro: Instruções Psicofônicas, Médium: Francisco Cândido Xavier.
Centro Espírita Caminhos de Luz-Pedreira-SP-Brasil
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