É de suma importância para quem inicia no estudo do Espiritismo,
saber o que diz a Doutrina dos Espíritos sobre rituais, símbolos e
feitiçaria. É muito comum ao leigo confundir Espiritismo com outras
formas de espiritualismo, principalmente quando se trata de cultos que
usam de muitos rituais quando da comunicação com os “ditos mortos”.
Chegam até a falar de “baixo Espiritismo”, “alto Espiritismo”,
“Espiritismo de mesa” e “Espiritismo de terreiro” etc.. Isto mostra no
mínimo falta de informação do que seja Espiritismo, pois não existe
Espiritismo disso ou daquilo, o que existe é uma doutrina de caráter
científico, filosófico e religioso, codificada por Allan Kardec, baseada
em princípios que foram ditados pelos próprios Espíritos, e comprovados
através do método experimental pelo Codificador.
Sobre a questão dos rituais, Deolindo Amorim nos afirma que:
As tentativas para fundamentar a introdução de rituais, incensos,
imagens e outros objetos de culto material no meio Espírita invocam
sempre um pressuposto espiritualista, como generalidade, ou fazem apelo à
tolerância. Não há, entretanto, razão alguma para tais pretextos, uma
vez que o Espiritismo, pelas suas disposições doutrinárias, dispensa
completamente qualquer forma de ritual ou peças litúrgicas (…)
Como complemento desta afirmativa de nosso confrade, convidamos
nossos irmãos à análise da questão 553 de “O Livro dos Espíritos”:
Que efeito podem produzir as fórmulas e práticas mediante as quais
pessoas há que pretendem dispor do concurso dos Espíritos? Respondendo a
esta pergunta feita por Kardec, os Espíritos nos disseram:
(…) Todas as fórmulas são mera charlatanice. Não há palavra
sacramental nenhuma, nenhum sinal cabalístico, nem talismã, que tenha
qualquer ação sobre os Espíritos, porquanto estes só são atraídos pelo
pensamento e não pelas coisas materiais.
Seria desnecessário comentar esta questão, mas vamos somente lembrar,
que o que vai contra uma doutrina, não pode fazer parte da mesma.
Portanto tudo que é contrário à Codificação, não pode ser considerado
Espírita. Assim sendo quando nos referirmos a rituais, símbolos etc.,
não estamos falando de Espiritismo.
Por termos em nosso passado militado em outras doutrinas religiosas
que faziam uso de rituais, sacramentos, que valorizavam as questões
materiais dentro do processo religioso, gravamos em nosso psiquismo
estas necessidades místicas, e se não ficarmos vigilantes queremos a
toda hora praticar o misticismo dentro da Doutrina Espírita, mas isso é
incoerência. Não existe misticismo na água fluidificada, como não existe
misticismo no passe ou nas comunicações mediúnicas. O que existe é
atuação dos Espíritos nestes processos, atuação que pode ser comprovada
pelo uso da lógica, da razão e do bom senso. Portanto não é aconselhável
a nós Espíritas, dizer que temos que usar determinadas roupas em
reuniões, destampar garrafas para que a água seja fluidificada, ou
aplicar passes desta ou daquela maneira, porque como nos afirmam os
Espíritos, eles só são atraídos pelo pensamento, e não pelas coisas
materiais.
Sobre a feitiçaria, os Espíritos nos afirmam que o que denominamos
feitiçaria, muitas vezes, é a mediunidade posta em ação. Há pessoas que
têm sensibilidade mediúnica, outras que têm força magnética, outras que
têm as duas, e nos dias de hoje quando a Doutrina Espírita tanto nos
esclarece, não é mais cabível falar em feitiçaria. Mas é bom lembrar que
a mediunidade, é uma faculdade neutra e nós é que damos a ela o uso
devido ou indevido de acordo com a nossa posição evolutiva, e por tal
somos responsáveis. Não é culpa do Espiritismo se algum “dito Espírita”
contrariar seus princípios fazendo uso indevido desta Bendita faculdade.
Só para finalizar, gostaríamos de deixar para meditação, a questão 557 de “O Livro dos Espíritos”:
Podem a benção e a maldição atrair o bem e o mal para aquele sobre quem são lançadas?
Deus não escuta a maldição injusta e culpado perante ele se torna o
que a profere. Como temos os dois gênios opostos, o bem e o mal, pode a
maldição exercer momentaneamente influência, mesmo sobre a matéria. Tal
influência, porém, só se verifica por vontade de Deus como aumento de
prova para aquele que é dela objeto. Demais, o que é comum é serem
amaldiçoados os maus e abençoados os bons. Jamais a benção e a maldição
podem desviar da senda da justiça a Providência, que nunca fere o
maldito, senão quando mau, e cuja proteção não acoberta senão aquele que
a merece.
Livro: Apostila do Curso de Espiritismo e Evangelho
Centro Espírita Amor e Caridade – Goiânia – GO – 1997
Livros Pesquisados:
“O Espiritismo e as Doutrinas Espiritualistas”
“O Livro dos Espíritos”, questão 553.
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