O que é o Espiritismo?
Espiritismo é uma doutrina de caráter científico, filosófico, de conseqüências morais e religiosas, codificada por Allan Kardec nos meados do Século XIX. Trata da natureza, da origem e da destinação dos Espíritos e das relações desses com o mundo corporal.
Como ciência prática, ele consiste nas relações que se pode estabelecer com os Espíritos; como filosofia, compreende todas as conseqüências morais que decorrem dessas relações; e como religião, temos de entendê-lo não como organização religiosa, mas no seu real sentido de religar a criatura ao Criador.
Sobre este tema, Emmanuel em sua genial obra “O Consolador”, nos afirma o seguinte:
“Podemos tomar o Espiritismo, simbolizado desse modo, como um triângulo de forças espirituais. A Ciência e a Filosofia vinculam à Terra essa figura simbólica, porém a Religião é o ângulo divino que a liga ao céu. No seu aspecto científico e filosófico, a doutrina será sempre um campo nobre de investigações humanas, como outros movimentos coletivos, de natureza intelectual, que visam o aperfeiçoamento da Humanidade. No aspecto religioso, todavia, repousa a sua grandeza divina por constituir a restauração do Evangelho de Jesus Cristo, estabelecendo a renovação definitiva do homem, para a grandeza do seu imenso futuro espiritual.”[1]
Por que Espiritismo?
No início da introdução de “O Livro dos Espíritos”, o Codificador nos explica porque deu este nome à doutrina que então se iniciava.
“Para se designarem coisas novas são precisos termos novos. Assim o exige a clareza da linguagem, para evitar a confusão inerente à variedade de sentidos das mesmas palavras. Os vocábulos espiritual, espiritualista, espiritualismo têm acepção bem definida. Dar-lhes outra, para aplicá-los à doutrina dos Espíritos, fora multiplicar as causas já numerosas de anfibologia. Com efeito espiritualismo é o oposto do materialismo. Quem quer que acredite haver em si alguma coisa mais do que matéria, é espiritualista. Não se segue daí, porém que creia na existência dos Espíritos ou em suas comunicações com o mundo visível. Em vez das palavras espiritual, espiritualismo, empregamos, para indicar a crença a que vimos de referir-nos , os termos espírita e espiritismo, cuja forma lembra a origem e o sentido radical e que, por isso mesmo apresentam a vantagem de ser perfeitamente inteligíveis , deixando ao vocábulo espiritualismo a acepção que lhe é própria(...) Os adeptos do Espiritismo serão os espíritas, ou se quiserem, os espiritistas.”[2]
As Três Revelações
Revelar significa tirar o véu, mostrar, tomar conhecimento do que é secreto, mas todo conhecimento deve ser progressivo e ajustado à mente a que se destina.
Desta forma, os Espíritos nos afirmam que a Humanidade recebeu a grande Revelação em três aspectos essenciais:
– Revelação de Moisés:
Através desta revelação, Moisés nos traz a missão da Justiça.
Na lei mosaica, há duas partes distintas: a lei de Deus, que está formulada nos dez mandamentos, e a lei civil ou disciplinar, decretada por Moisés. Se a primeira é invariável, a segunda é apropriada aos costumes e ao caráter do povo, e se modifica com o tempo.
Por ser o povo hebreu indisciplinado e preconceituoso, Moisés precisou usar da força para combater os abusos e preconceitos adquiridos durante a escravidão do Egito. Só a idéia de um Deus terrível podia impressionar criaturas ignorantes.
Por isso afirma Kardec: “As leis mosaicas, propriamente ditas, revestiam, pois um caráter essencialmente transitório.”.
– Revelação de Jesus:
Jesus nos trouxe a revelação insuperável do Amor. Ele não veio destruir a lei, isto é, a lei de Deus, veio cumpri-la e desenvolvê-la; dar-lhe o verdadeiro sentido e adaptá-la ao grau de adiantamento dos homens.
O Mestre nos desvendou a vida futura e nos revelou um Deus-Pai, todo Amor e Misericórdia.
Seu Evangelho é o mais perfeito código de conduta moral que se conhece, mas para compreender o sentido oculto de suas palavras, seria preciso que novas idéias e novos conhecimentos viessem dar-lhes a chave, e essas idéias não poderiam vir antes de um certo grau de maturidade do espírito humano. Meditemos em suas palavras:
“Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não podeis suportar agora. Mas quando vier aquele Espírito de Verdade, ele vos guiará em toda verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir.” (João 16: 12 e 13)
– Revelação Espírita:
O Espiritismo, em sua feição de Cristianismo redivivo, traz, por sua vez, a sublime tarefa da Verdade.
O século XIX trouxe novas claridades para o mundo, encaminhando-o para as reformas úteis e preciosas. A ciência nessa época desfere os vôos soberanos que a conduziriam às culminâncias do século atual.
Decretada a maturidade espiritual da coletividade em evolução no planeta, novas luzes chegam ao campo terrestre marcando o advento da terceira revelação.
Se a primeira Revelação teve em Moisés a sua personificação, e a Segunda tem-na no Cristo, a terceira – o Espiritismo – não tem um só elemento a personificá-la, visto não ser fruto do ensinamento de nenhum homem, mas sim dos Espíritos.
Assim como o Cristo disse: “Não vim destruir a lei, porém cumpri-la”, também o Espiritismo diz: “Não venho destruir a lei cristã, mas dar-lhe execução.”
Vem cumprir, nos tempos preditos, o que o Cristo anunciou e preparar a realização das coisas futuras. Ele é, pois obra do Cristo, que preside, conforme igualmente o anunciou, à regeneração que se opera e prepara o reino de Deus na Terra.
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