sábado, 3 de dezembro de 2011

Somos Espíritos


“... Progredir continuamente, esta é a lei”. Allan Kardec

O francês Léon Denis (1846-1927), um dos pioneiros do espiritismo nos diz: “A alma dorme na pedra, sonha no vegetal, agita-se no animal e acorda no homem”. Eis a lei de evolução que nos abarca a todos. Mostra-nos que passamos pelos diversos reinos, através de tempos longínquos, conforme nos é dito no L.E. (Q.597a):

“Há, entre a alma dos animais e a do homem tanta distância quanto há entre a alma do homem e Deus”. Do átomo ao arcanjo. Kardec, nosso emérito codificador, acreditando piamente em a necessidade de “nascer de novo” anuncia: “Nascer, morrer, renascer ainda, progredir continuamente, tal é a lei”.

Há, no sentido evolutivo, quatro palavras que estão interligadas: preexistência, reencarnação, existência e sobrevivência. As duas primeiras – preexistência e reencarnação – tiram o sono de muita gente. Há aqueles que se alteram só em ouvi-las. Não é o caso no meio espírita. Jesus, nossa autoridade maior, mostra claramente por Suas palavras a Nicodemos, doutor da lei em Israel: “És mestre e ignoras isto?”.

É preciso termos olhos de ver e ouvidos de ouvir para perceber determinadas nuances. Os modernos Nicodemos continuam a existir ombreando conosco no cotidiano, merecendo nosso respeito. Há inúmeros doutores da lei que continuam a acreditar e ensinar aos seus seguidores a unicidade da existência material, não creem na existência e sobrevivência da alma. Para nós espíritas a reencarnação é uma questão de justiça.

É dessa forma que vemos Deus, é assim que conseguimos entender um cego de nascença, por exemplo. É o amor divino nos concedendo nova oportunidade de acerto com a lei. Se transgredirmos os estatutos divinos necessitaremos retornar ao caminho reto, urge reparar a lesão à lei maior.

Todos teremos oportunidades necessárias para um dia sermos o que Chico Xavier hoje é, assim como ele terá todas as chances de atingir a angelitude, pois fomos criados simples e ignorantes, minúsculos grãos de areia, mas com o necessário para virmos a ser montanha portentosa. Somos deuses, somos filhos da Luz. Esta é a visão da doutrina espírita. O trabalho incessante é a solução para atingirmos os cumes mais desafiadores. Aqueles que estão em nossa vanguarda são incentivos para nós, que os vemos distantes, mas não motivo de inveja. Não há posição conquistada sem luta e suor.

Se o amanhã já estivesse definido o nada após o túmulo, que motivo teria o niilista para se conter diante dos caminhos escusos para as conquistas? Por que respeitar o que é dos outros? “O amanhã me é incerto, viverei hoje sem limites, sem freios.

Sendo portador de enfermidade incurável, por que aguardar a morte, sofrer sem perspectivas de um dia melhor, por que não por fim em tudo hoje mesmo?” Eis o convite ao suicídio, eis o materialismo.

Não menos desmotivado deve se sentir o adepto da doutrina panteísta, pois um dia deixará de ser individualidade, retornará à fonte que lhe deu origem, é a gota aquosa que volve. À primeira vista bem parecidos são o panteísta e o niilista.

Também me paralisa a sorte definitiva após a experiência carnal de um Céu, que não sei se mereço, ou de um Inferno assustador pelas narrativas com tintas bastante vivas de um fogo, que queima continuamente sem consumir, separando-me irrevogavelmente de meus afetos. Como ser feliz assim? Romperam-se definitivamente os laços afetivos daqueles que de nós se separaram?

A doutrina espírita nos ensina que o ontem, o hoje e o amanhã estão interligados, não há liames rompidos definitivamente. Aqueles apreços que estão momentaneamente de nós desligados voltarão ao nosso seio um dia. Temos ainda o intercâmbio espiritual através de várias maneiras. O correio entre o Céu e a Terra jamais cessará.

Autor: Waldemar Petri

Jornal “O Espírita Fluminense

Instituto Espírita Bezerra de Menezes – IEBM – Niterói – RJ

Julho / Agosto 2011

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