
“Quando se lança um olhar rápido sobre o conjunto da História, esse verdadeiro livro do destino dos povos, parece que cada século tem um papel especial a preencher, uma particular missão a exercer na marcha da humanidade.” ( Léon Denis – O Grande Enigma – Cap. XVI – 7ª Edição – FEB)
Ao escrever essas linhas, no início do século 20, Denis compartilhava das esperanças de muitos outros, com relação às possíveis realizações do novo século. A tecnologia despontava com toda a sua força, novas idéias e ideais, novas ciências, a Revolução Russa sacudia os alicerces do capitalismo e a Igreja Católica mostrava suas fragilidades diante dos novos e graves problemas humanos.
No alvorecer do século passado, quem poderia antever que justamente esse século seria o mais violento da história humana? Nunca houve antes tantas guerras por tantos motivos fúteis. Nunca tantas mortes por fome ou doença. Nunca antes a violência humana se manifestara de forma tão cruel e constante.
Vivemos hoje o explodir das violências. O descontrole da locomotiva humana, a fragmentação da sociedade e a desvalorização dos valores.
“A transição não se fez sem abalo, sem choques violentos. O espetáculo das decomposições que se produzem seria lamentável, se não soubéssemos que, às grandes ruínas, sucedem as grandes ressurreições.” (Idem)
A agressividade humana, componente anímico necessário à sobrevivência, tornou-se violência gratuita. São lamentáveis os espetáculos das batalhas campais em jogos de futebol, shows, festas e em qualquer lugar onde os humanos se reúnam. Tornamo-nos predadores perigosos vivendo, pela primeira vez na história humana, o fenômeno do medo do “outro”, só pelo fato de ser o “outro”, e não somente por razões de crença ou etnia, cor da bandeira ou ideologia. Estamos tomados por uma agressividade primitiva.
“A história, com efeito, apaga para poder escrever; o pensamento só destrói para reconstruir; é a lei da evolução, a marcha lógica da Humanidade.” (Idem)
Simultaneamente à crise sócio-moral, vemos no horizonte a ameaça da crise ambiental. Um possível colapso civilizatório potencializado por uma provável crise climática, com seu cortejo de escassez, de fome, de exilados do clima, de contingentes humanos se descolando de um lugar para outro, em busca de algum lugar para sobreviverem. Não se trata de alarmismo, profecia, nem ficção científica, mas o prognóstico razoável para um futuro próximo.
O sociólogo polonês, Zygmunt Bauman, num de seus livros e a propósito da atual crise humana, faz interessante paralelo entre o transatlântico Titanic, que naufragou em 14 de abril de 1912, depois de colidir com um iceberg, com a atual situação de nossa humanidade. O nosso Titanic civilizatório, também está com o casco rasgado e, da mesma forma como aconteceu em 1912, a orquestra continua tocando e as pessoas dançam enquanto a embarcação aderna.
“Acima das ruínas dos templos, das civilizações extintas e dos impérios desmoronados, acima do fluxo e refluxo das marés humanas, uma voz poderosa se eleva; essa voz clama: Os tempos são vindos, os tempos são chegados! Das profundezas estreladas descem à Terra os espíritos em legião, para o combate da luz contra as trevas.”
“Não são mais os homens, os sábios e os filósofos que trazem uma doutrina nova. São os Gênios do Espaço que vêm e sopram em nossos pensamentos os ensinos chamados a regenerar o mundo.” (Idem, ibidem)
Autor: Paulo R. Santos
Jornal “O Espírita Fluminense”
Instituto Espírita Bezerra de Menezes – IEBM – Niterói – RJ
Janeiro/Fevereiro 2010
Nenhum comentário:
Postar um comentário