sábado, 6 de agosto de 2011

O Unigênito


Não basta que Deus seja nosso pai: é preciso que sejamos seus filhos. Ser pai é curar da felicidade dos filhos, prevenindo e prevendo tudo o que respeita ao futuro que os espera. Deus é nosso pai, porque soube prever e prover tudo que é necessário ao nosso bem, e o fêz da melhor forma, empregando nisso o seu infinito poder e a sua infinita sabedoria. Ser filho é corresponder à solicitude paterna, indo ao encontro dos desejos e dos esforços realizados pelo pai em seu favor. Ser filho é fazer refletir em si próprio os traços de caráter do genitor, de modo que por aí se reconheça de pronto sua origem e descendência. Ser filho, finalmente, é tornar-se legítimo herdeiro do nome, das qualidades e dos seus bens paternos. Ora, sendo assim, podemos apresentar-nos, em consciência, como filhos de Deus? Certamente que não. Deus é, em realidade, nosso pai, mas nós ainda não somos seus filhos. Daí porque Jesus é, com justiça, cognominado o Unigênito do Pai. Sim, ele realmente é o único filho de Deus que passou, até aqui, pela Terra, porque é o único que encarnou e refletiu, com verdade, os atributos, os poderes e as qualidades havidas de tal paternidade. Tão perfeitamente se caracterizou a divina descendência, em Cristo, que ele pôde dizer com acerto: Eu e o Pai somos um.

Cumpre, agora, a nós outros, nos tornarmos filhos de Deus, consoante a seguinte promessa pro­clamada por João Evangelista: A todos que o receberam, aos que crêem em seu nome, deu ele o direito de se tornarem filhos de Deus; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade do homem, mas, sim, do próprio Deus.

Enquanto não satisfizermos a essa condição — crendo e praticando como ordena o Verbo Divino — Deus continuará sendo nosso pai, porém nós não seremos seus filhos. E, em tal sentido, Jesus permanece como o Unigênito.

LIVRO: EM TORNO DO MESTRE

AUTOR: PEDRO DE CAMARGO – PSEUDÔNIMO DE VINICIUS

EDITORA: FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA

6ª EDIÇÃO – ANO DE PUBLICAÇÃO: 1939 (PÁG. 275 – 276)

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