
“(...) É, pois, indispensável que c o obsediado faça, por sua parte,
o que se torne
necessário para destruir em si mesmo a causa da atração dos maus Espíritos.”
(O Livro dos Espíritos, Allan Kardec questão 479.)
Um mal existente há muitos anos, há séculos mesmo, não se resolve de súbito. Procedimentos enraizados e que se perdem na poeira do passado não se consegue modificar repentinamente.
Essa dificuldade é comum tanto ao obsidiado quanto ao obsessor. E nas almas em conflitos, que se debatem no emaranhado de compromissos do pretérito, mais difícil se torna a assimilação de novos hábitos, que modifiquem conceitos e até, mais ainda, sentimentos.
Hábitos de ódio, de revolta, de vingança; condicionamentos de modos de proceder egoísticos e cruéis, sentimentos que foram cultivados durante séculos somente se transformarão no momento em que, cansados de sofrer, de se machucar nos espinheirais do caminho, no exato instante em que sorverem o conteúdo completo da taça de fel, forem tais irmãos conquistados pelas forças suaves e persuasivas do Bem e do Amor.
A transformação moral é (presume-se) meta principal de todo espírita, daquele que sente dentro de si mesmo despertarem todas as potências. É a luz que se acende. O chamado que repercute. O romper dos primeiros elos que nos manietavam ao jugo das servidões inferiores. O cair das “escamas”: “E logo lhe caíram dos olhos como que umas escamas e recuperou a vista.” (Atos, 9:18.)
Emmanuel analisa magistralmente o instante
E Emmanuel prossegue explicando que, após render-se incondicionalmente ao Cristo, Paulo entra na cidade onde iria receber a ajuda de Ananias. Mas que, sendo-lhe restituida a visão, Paulo daí em diante entregar-se-ia de corpo e alma à causa do Senhor, e, àcusta de extremos sacrifícios, consegue “extrair, por si mesmo, as demais escamas que lhe obscureciam as outras zonas do ser”.
E o que temos feito nós para sair de dentro de nossas escamas, que são como couraça a nos revestirem? De que maneira temos trabalhado para conseguir isso?
A Doutrina Espírita nos faculta todos os meios para atingirmos esse desiderato.
Já não podemos mais postergar o labor de nossa transformação íntima.
Hoje, que reencontramos a palavra do Mestre em toda sua pureza e simplicidade nos ensinos do Consolador; agora, que sentimos integralmente todo o peso de nossa responsabilidade e o quanto permanecemos até o presente cegos, surdos, paralíticos e hebetados, soou, enfim, o instante decisivo em nossa existência multimilenar.
Cansados de carregar o fardo de aflições, defrontamo-nos, talvez, com o mais decisivo momento de nossa romagem evolutiva. É definição que de nós esperam aqueles que nos amam e nos aguardam no Plano Espiritual Maior.
Não só para os portadores de obsessões declaradas enfatizamos a imperiosa e inadiável necessidade da reforma moral, mas para todos nós, espíritas ou não.
A importância dos trabalhos desobsessivos, dos estudos que estamos efetuando em torno desse tema é, por isso, grandiosa, já que os primeiros beneficiados somos nós, os que estamos lidando nessa abençoada seara.
Para termos condições morais de colaborar numa tarefa dessa envergadura torna-se imprescindível que apliquemos, de início, em nós mesmos, as lições que tentamos transmitir aos outros.
A moralização intima é assim condição essencial para a cura tanto do algoz quanto da vitima. E para a nossa própria cura.
(22) Vinha de Luz, Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, capítulo 149, 4ª edição FEB.
Livro: OBSESSÃO E DESOBSESSÃO
Autor: SUELY CALDAS SCHUBERT
Site: Luz do Espiritismo - Grupo Espírita Allan Kardec
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