sábado, 25 de julho de 2009

A Necessidade da Reforma Interior


“(...) É, pois, indispensável que c o obsediado faça, por sua parte,

o que se torne

necessário para destruir em si mesmo a causa da atração dos maus Espíritos.”

(O Livro dos Espíritos, Allan Kardec questão 479.)

Um mal existente há muitos anos, há séculos mesmo, não se resolve de súbito. Procedimentos enraizados e que se perdem na poeira do passado não se consegue modificar repentinamente.

Essa dificuldade é comum tanto ao obsidiado quanto ao obsessor. E nas almas em conflitos, que se debatem no emaranhado de com­promissos do pretérito, mais difícil se torna a assimilação de novos hábitos, que modifiquem conceitos e até, mais ainda, sentimentos.

Hábitos de ódio, de revolta, de vingança; condicionamentos de modos de proceder egoísticos e cruéis, sentimentos que foram culti­vados durante séculos somente se transformarão no momento em que, cansados de sofrer, de se machucar nos espinheirais do caminho, no exato instante em que sorverem o conteúdo completo da taça de fel, forem tais irmãos conquistados pelas forças suaves e persuasivas do Bem e do Amor.

A transformação moral é (presume-se) meta principal de todo espírita, daquele que sente dentro de si mesmo despertarem todas as potências. É a luz que se acende. O chamado que repercute. O romper dos primeiros elos que nos manietavam ao jugo das ser­vidões inferiores. O cair das “escamas”: “E logo lhe caíram dos olhos como que umas escamas e recuperou a vista.” (Atos, 9:18.)

Emmanuel analisa magistralmente o instante em que Ananias, sob o influxo do Mestre, devolve a visão a Paulo de Tarso, alertan­do-nos para outras escamas que também nos revestem: “Não somente os olhos se cobriram de semelhantes excrescências. Todas as possibi­lidades confiadas a nós outros hão sido eclipsadas pela nossa incúria, através dos séculos. Mãos, pés, língua, ouvidos, todos os poderes da criatura, desde milênios permanecem sob o venenoso revesti­mento da preguiça, do egoísmo, do orgulho, da idolatria e da insen­satez.” (22)

E Emmanuel prossegue explicando que, após render-se incondi­cionalmente ao Cristo, Paulo entra na cidade onde iria receber a ajuda de Ananias. Mas que, sendo-lhe restituida a visão, Paulo daí em diante entregar-se-ia de corpo e alma à causa do Senhor, e, àcusta de extremos sacrifícios, consegue “extrair, por si mesmo, as demais escamas que lhe obscureciam as outras zonas do ser”.

E o que temos feito nós para sair de dentro de nossas escamas, que são como couraça a nos revestirem? De que maneira temos trabalhado para conseguir isso?

A Doutrina Espírita nos faculta todos os meios para atingirmos esse desiderato.

Já não podemos mais postergar o labor de nossa transformação íntima.

Hoje, que reencontramos a palavra do Mestre em toda sua pu­reza e simplicidade nos ensinos do Consolador; agora, que sentimos integralmente todo o peso de nossa responsabilidade e o quanto permanecemos até o presente cegos, surdos, paralíticos e hebetados, soou, enfim, o instante decisivo em nossa existência multimilenar.

Cansados de carregar o fardo de aflições, defrontamo-nos, talvez, com o mais decisivo momento de nossa romagem evolutiva. É defi­nição que de nós esperam aqueles que nos amam e nos aguardam no Plano Espiritual Maior.

Não só para os portadores de obsessões declaradas enfatizamos a imperiosa e inadiável necessidade da reforma moral, mas para todos nós, espíritas ou não.

A importância dos trabalhos desobsessivos, dos estudos que es­tamos efetuando em torno desse tema é, por isso, grandiosa, já que os primeiros beneficiados somos nós, os que estamos lidando nessa abençoada seara.

Para termos condições morais de colaborar numa tarefa dessa envergadura torna-se imprescindível que apliquemos, de início, em nós mesmos, as lições que tentamos transmitir aos outros.

A moralização intima é assim condição essencial para a cura tanto do algoz quanto da vitima. E para a nossa própria cura.

(22) Vinha de Luz, Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xa­vier, capítulo 149, 4ª edição FEB.


Livro: OBSESSÃO E DESOBSESSÃO

Autor: SUELY CALDAS SCHUBERT

Site: Luz do Espiritismo - Grupo Espírita Allan Kardec

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