segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Fé e Vida

Por isso, falar de sexo sem falar de vida.
Falar de sexo sem falar de amor.
Falar de sexo sem falar de religião.
Falar de sexo sem falar do infinito.
Falar de sexo apenas com proibições.
Falar de sexo sem coragem de proibir.
Falar de sexo apenas como ato em vez de falar de ternura, atitudes, acolhimento, busca de algo mais num alguém que significa muito mais, enfim, falar de sexo sem apontar para o infinito que há em cada pessoa... é não falar.
Humanidade, rima com sexualidade, mas sexualidade deriva de humanidade.
Só é bonito o que é respeitoso, responsável e meigo.
Fica meio difícil enfrentar tudo isso de cabeça feita, quando a gente está apenas começando.
Falamos claro e sem negatividade deste bonito impulso que, às vezes, é muito sereno e que, às vezes, machuca profundamente.
Você não está só.
Milhões de jovens fazem as mesmas perguntas que você anda fazendo.
Por que dizem que é certo?
Por que dizem que é errado?
Por que vigiam tanto a gente?
Afinal, o que é que tem?
Dor bonita e jeiticeira é essa dor de amor que, às vezes, sacode você.
É pecado ou não é.
Reprimo, canalizo ou deixo acontecer?...
Há uma profunda poesia no amor e há uma profunda poesia no sexo.
Quem descobre essa poesia, não descobre a arte de mergulhar no infinito.
Nem vai nunca saber a diferença...
Vai falar da coisa certa, mais do jeito errado...
O sexo está cada dia mais na cara.
Não somos nós que o procuramos.
Somos procurados por ele.
Já a sexualidade está cada dia mais relegada a segundo plano.
A televisão, o rádio, os discos, os jornais, o teatro, as revistas, os livros, todos esses veículos, de um modo geral, mergulharam de cheio na genitalidade.
Esqueceram a graça que o sexo tem, para além do corpo, para além do momento, para além do estético, para além do prazer e da libido.
Falta a eles uma pergunta séria ao grande porquê da sexualidade.
Precisamente, qual é o convite que esses veículos nos fazem? Ao sexo ou ao amor?
Respostas prontas não vão adiantar, você terá que descobrir-las pessoalmente.
E sua resposta será tanto mais certa quando mais você souber que nem tudo o que chamam de amor é amor.
Nem tudo o que chamam de errado é errado, nem tudo o que chamam de válido é válido.
Em termos de amor e sexo, há o permitido e há o proibido.
Seus pais têm o direito de proibir e de permitir.
Sabem um pouco mais do que você.
E você também precisa aprender a canalizar.
O que significa: permitir-se e proibir-se senão nunca saberá o que é viver.
Nem tudo o que é permitido lhe convém, e nem tudo o que você acha que lhe convém é bom para sua juventude.
Então, amor é o quê?
É sim ou não?
E onde entra essa história de sexo com ou sem amor, e de amor com ou sem amor?
É possível definir essas coisas?
Há quem diga que o amor é um riacho...
Silencioso, puro, limpo, cristalino...
Quando nasce e vai descendo da montanha é tão puro quanto os olhos de um menino.
Mas, depois que vai crescendo, vai perdendo essa pureza...
Se não pára para pensar, não chega limpo lá no mar.
É por isso que a disciplina faz bem ao riacho.
Purifica-o, torna-o saudável e útil, embora reprimindo aqui e acolá.
Riachos selvagens são lindos de se ver, mas são muito menos úteis do que poderiam ser...
A sexualidade humana é como um riacho.
Nascemos puros, limpos e selvagens.
Crescemos e avançamos em direção ao infinito mar do amor.
Mas, no caminho, aconteceram os acidentes de percurso.
Pouquíssimos conservam a pureza, a naturalidade e a paz.
O sexo mal vivido abre feridas na maioria das pessoas.
Milhões de homens e mulheres não chegam limpos nem em paz ao mar do matrimônio ou do celibato voluntário.
Milhões se purificam e se disciplinam por causa de um amor bonito.
Milhões jamais encontram esse amor sereno, nem antes, nem durante, nem depois do grande encontro.
Não se deixaram canalizar...
Se o riacho pudesse falar, provavelmente exigiria que ninguém o barrasse.
Parece muito mais autêntico o riacho selvagem e não reprimido...
Mas, pergunte a quem planta, irriga e colhe; pergunte a quem tem água em casa, se deve ou não canalizar um riacho...
Força misteriosa é o sexo.
É mais fácil saber como faze-lo do que, por que e com quem faze-lo, costuma deixar feridas que doem muito fundo e por muito e muito tempo.
A questão, portanto, é achar uma pessoa. E não pode ser qualquer uma. Se não for a pessoa certa, vai doer na alma.
Riachos encontram riachos, e formam rios limpos ou barrentos. Mas é preciso que os dois sejam limpos, para que seja puro e limpo o que deles se formar...
E não adianta forçar o momento. A pressa machuca muito mais do que a longa e ansiosa espera. Conheci pessoas lindas que, contudo, se machucaram por não ter suportado a longa espera.
Anteciparam, com a pessoa errada, o que lhes parecia certo. Quando descobriram que haviam dado sua força a alguém que não as queria para sempre, já era tarde para chorar o desperdício.
Riachos não encontram riachos em qualquer volta da colina. Leva tempo. Mais para uns, menos para outros. Pela mesma razão que também os frutos não amadurecem todos ao mesmo tempo...
Na juventude há um momento, às vezes uma fase, em que dói até com violência a fome de achar alguém.
A curiosidade é tão grande, o desejo é tão intenso, é tão grande o impulso, que realmente os jovens não se controlam, por mais propósitos que façam.
Acabam naquele abraço errado, que abem que é errado; naqueles beijos com pessoas erradas, que sabem que são errados; ou naquele lugar errado, fazem um amor errado.
Fica muito mais fácil quando repartem sua ansiedade com alguém sereno e sensato, que sabe ouvir e saber fazer pensar.
Pode não saciar a fome, mas pode evitar o pior. A fome de amor e sexo precisa ser canalizado... como o riacho. Caso contrário, machuca muito.
E o que dizer dos falsos educadores que, em nome da liberdade, condenam quem ensina a canalizar o riacho da sexualidade?
Não entendem ou não querem entender que riacho em certos trechos de seu percurso precisam ser disciplinados?
Mas falar é fácil, fazer é que é difícil. Os engenheiros constroem enormes pontes, diante de pequenos riachos.
É porque conhece a força que há naquela coisa linda. Não podem barrá-los de uma vez, mas não podem também deixar que ele atrapalhe os caminhos dos homens.
Por isso, disciplinam-se diante do riacho para não destruir sua beleza e maturidade, mas também disciplinam o riacho, porque riachos barrentos ou cheios de detritos perdem a graça e a pureza que é característica de rios em formação...
É assim com o sexo dos jovens. Proibir por proibir, nunca! Canalizar, sempre!...
Existe um só amor, Deus é este amor. Mas o amor se manifesta em nós, e são muitas as suas manifestações.
Amor divino, humano, materno, paterno, filial, fraterno, conjugal, platônico, impossível, proibido.
Amar não está necessariamente ligado do desejo sexual.
Mas, quando isso acontece, que seja puro, que seja purificado, e que seja de fato: Amor!

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