Existe um jeito de amar ao qual se chama ágape. É o amor de quem comunga junto todas as experiências da vida. Não pára no sexo, não depende de sexo, pode existir sem sexo. É partilha de tudo: alegria, esperanças, lágrimas, verdades e segredos, cruzes e transfigurações, momentos bons e ruins, longe, perto, em todas as circunstâncias. É sereno, bonito e abrangente. Não gravita em torno do prazer carnal, e, sim, da alegria de estar junto e de sonhar juntos e serenos. O amor ágape não nega nem teme a sexualidade, mas sabe assumi-la no seu contexto pleno. Se é amizade, é amizade, se é namoro, é namoro, se é casamento, é casamento. Os impulsos são controlados e canalizados em função da relação que os dois decidiram viver. O amor ágape nunca é atrevido, nunca se descontrola, não força o outro a nada, não perde a cabeça, não passa dos limites, não faz agora, para se arrepender depois. Ele é ... um jeito pacífico e sereno de amar, que pode ser vivido a dois, a três ou em comunidade. Quem só conhece o amor eros não tem a mínima idéia da enorme dimensão do amor humano. Existe também um amor ao qual se chama eros. É muito bonito, tem muito a ver com o físico, o carnal, o palpável. Não é o contrário de ágape. Não precisa ser. No caso do casal em matrimônio ou em busca do matrimônio, é belíssimo mergulho no infinito, um do outro. As vezes, porém, ocupa mais espaço do que deveria. E o desejo do físico do outro toma tal maneira conta dos dois que não conseguem dialogar a não ser com as mãos, com os lábios e com o resto do corpo. Tocar-se começa a ficar mais importante do que estar juntos, ouvir e conversar. Vive de sensações físicas, de excitações e ereções. E nunca se satisfaz, porque o físico é o que é: limitado. O amo eros já fez muito casais felizes. Aconteceu e acontece no tempo certo, do jeito certo, na dimensão justa, com a pessoa certa, dentro do amor ágape. Também já fez muita gente sofrer. Foi carinho errado, na parte errada, na hora errada, em tempo errado, com a pessoa errada, sem reflexão e sem controle, fora do amor ágape. Muitos amigos deixaram de ser amigos por causa de eros. Aconteceu uma coisa que estragou a amizade até então assentada no ágape, e ela nunca mais voltou a ser como antes. Carinho físico tem limite. Ágape conhece este limite. Eros conhece, mas não o respeita. E só o respeita quando obedece ás ordens de ágape. Verdadeiros e profundos amigos conhecem e sabem do que estou falando. Há quem diga que não pode haver amor sem sexo: ____ terrível engano. Não podem barrá-lo de uma vez, mas não podem também deixar que ele atrapalhe os caminhos dos homens. Por isso, disciplinam-se diante do riacho para não destruir sua beleza e naturalidade, mas também disciplinam o riacho, porque riachos barrentos ou cheios de detritos perdem a graça e a pureza que é característica de rios em formação... É assim com o sexo dos jovens. Proibir por proibir, nunca. Canalizar, sempre. Existe um só amor, Deus é este amor. Mas o amor se manifesta em nós, e só muitas as suas manifestações. Amor divino, humano, materno, paterno, filial, fraterno, conjugal, platônico, impossível, proibido... Amor não está necessariamente ligado ao desejo sexual. Mas, quando isso acontece, que seja puro, que seja purificado, e que seja de fato: amor.
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